CRÍTICA: O ESPATACULOSO ESPETÁCULO DA FAMÍLIA FODACCIO.

O Espetaculoso espetáculo da família Fodaccio: uma boa mostra de potencial de grupo iniciante.

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Tratava-se de um dia fundamental para a democracia no Brasil e na cidade de São Paulo. Dia eleição. Dia em que a população, com algum poder, deliberaria sobre quem, em âmbito municipal, iria representá-la por quatro anos. O domingo oscilava entre um cinzento quase-vivo (mais-pra-chuva) e amarelo muito-tímido… Um vento gelado banhava a comunidade com casas a desafiar a gravidade…

Pulsando de modo diferenciado, em pleno coração da comunidade de Heliópolis, o espetáculo teatro tomava acento e terreno na Rua União (antiga Rua dos Esportes). Apesar do domínio do cinzento, o colorido (lindo) ficava a cargo dos três artistas que compunham o Grupo Família Fodaccio (cuja origem ocorre na Vila Brasilândia – Região Norte da Cidade de São Paulo): Leandro Cenci, Mariana Taques e Patrick Castilho e a meninada encantada com a possibilidade de ver teatro ao vivo. Ao redor de espaço de representação, circunscrito por uma lona estrelada no chão, uma ilha de crianças assistia e, formando uma linda constelação, ali estava disposta a assistir e a participar do espetáculo daquele domingo, terceiro dia de programação da II Mostra de Teatro de Heliópolis: a Periferia em Cena.

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O espetaculoso espetáculo da família Fodaccio, apresentado em quarenta minutos, estrutura-se a partir de alguns expedientes tradicionais circenses. Os artistas são bastante jovens, entregam-se à obra, têm boa comunicação, mas parecem ainda iniciantes, não tanto da cena, mas, exatamente, quanto ao universo circense. De qualquer modo, por alguns das conquistas do coletivo, pode-se depreender que há verve e muito manancial a ser descoberto e potencializado.

O maior destaque do espetáculo, e isso caracteriza-se fundamental em obras que se apresentam na rua, foi garantir a participação do público, tomando-o como companheiro e criador dos diversos quadros que compõe da dramaturgia de cena. Especialmente, uma lírica passagem do espetáculo, ao som de Carinhoso (do grande Pixinguinha) e crianças fazedoras de bolhas de sabão, talvez pudesse apresentar-se a partir de um novo desenho de cena.

Apesar de ter conversado pessoalmente com dois dos integrantes do elenco, agora é o momento para investimento na poética do palhaço, sobretudo a questão intrínseca dos contrastes entre a tipologia pressuposta pelo Branco e Augusto. Segundo apurado, o grupo desenvolve trabalho com Cida Almeida que, seguramente, pelos conhecimentos práxicos de que dispõe, tenderá a potencializar o material de cada integrante.

Por: Alexandre Mate *
Fotos: Geovanna Gelan

* Professor-pesquisador do programa de pós-graduação, do Instituto de Artes da Unesp, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

 

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