As miniaturas que encantaram Heliópolis,

por Luiz Campos.

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O coletivo dos Ciclistas Bonequeiros estava a postos em suas três bicicletas e seus artistas manipuladores (Bruna Burkert, Guto Vieira e Thauana Garcia), com seus mini teatros acoplados como bagageiros de suas bicicletas, agrupados em uma pequena praça de Heliópolis e que chamavam a atenção de quem passava por ali. Diversas crianças estavam aguardando ansiosamente a Trilogia Circo começar na IV Mostra de Teatro Heliópolis.

 

Ainda antes do início das apresentações, os pequenos foram distribuídos cuidadosamente em cada uma das bicicletas e, nessa altura, as crianças ficavam cada vez mais atentas e curiosíssimas, pois não sabiam o que estava a esperar. Uma criança por vez sentada na frente da caixa, fones de ouvidos são colocados em seus ouvidos e, no instante em que o espetáculo começa, os olhinhos de cada criança ali sentada começam a brilhar – e algumas quase não piscam. É assim que começo a minha experiência com os teatros de lambe-lambe, observando os bastidores que, evidentemente, também fazem parte do espetáculo, pois ver aquelas bicicletas personalizadas e aquelas crianças vidradas com o que estavam vendo causava em mim não só uma curiosidade, mas a ansiedade de chegar a minha vez de participar.

 

Na minha vez de experenciar cada caixa, procurei não perder nada. Com meus olhos atentos, percebo uma significativa riqueza de detalhes em conjunto com um lindo trabalho artesanal e percebo que iria precisar usar muito mais do que a minha visão para mergulhar nessa experiência. Cada mini teatro nos fez embarcar nas histórias contidas da trilogia (Quando a cidade recebe o circo, O camarim do palhaço e O circo de pulgas). Manipulações e sonoplastia sensíveis, acompanhadas de luzes, pequenos efeitos especiais e algumas narrações nos conduzem ainda mais para um encantamento para dentro da atmosfera circense e instiga nossos pensamentos e sentidos, mesclando nossa função de espectador, ora protagonista, ora um observador especial, como quem olha dentro de um olho mágico e consegue enxergar o que acontece do outro lado.

 

Os artistas não se cansavam de repetir as rápidas histórias ali representadas a cada pessoa que se sentava na frente da caixa e nos faziam também querer mais das apresentações. Um teatro itinerante que pode ir para qualquer lugar e alcançar diversos públicos, já que bastam para o seu acontecimento uma bicicleta, um artista e um público [na rua]. Vida longa ao grupo Ciclistas Bonequeiros e sua pesquisa no teatro de animações.

 

 

Luiz Campos é ator, diretor e pesquisador teatral. Doutorando em Artes Cênicas pelo Instituto de Artes da UNESP e em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Mestre em Teatro pela Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ) e graduado em Artes Cênicas pela Faculdade Paulista de Artes. É integrante fundador da Cia. Los Puercos e integrante do Grupo XVII de Teatro.

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